Sony - PXW-FS7M2
- Marcello Caldin
- 1 de dez. de 2017
- 18 min de leitura
A Sony acaba de atualizar a sua linha Broadcast de câmeras, através da nova PXW-FS7M2 e é muito interessante observarmos os impactos a serem sentidos. A questão de se ter tecnologia oriunda de múltiplos mercados, traz a todos nós reflexões interessantes e de como podemos seguir com as nossas produções diárias. Em um momento, de exclusão quase total de equipamentos de gravação de ombro, a PXW-FS7M2 ainda é, uma das poucas opções de câmeras desenhadas para este tipo de situação, mas ainda sim, trazendo tecnologias do universo da fotografia.

A minha impressão inicial, que tive ao ver a primeira versão da PXW-FS7, antes mesmo dessa nova atualização, é a de retornar no tempo dos meus dezesseis anos, quando comecei na área de vídeo e trabalhava como cinegrafista de campo, utilizando as pesadas câmeras de ombro da Sony e Ikegami. Talvez, a maioria de vocês, nem saibam ao que estou me referindo, quando menciono câmeras com mais de dez quilos de peso em seu ombro, mas ainda assim, era como tudo funcionava no passado recente... Talvez, nem tão recente assim.
Confesso a vocês, a minha grande dificuldade em operar as câmeras com tecnologia fotográfica, justamente por serem tão pequenas e frágeis. Sempre gostei do fato de ter a câmera junto ao meu rosto, sendo em sua definição mais simples, uma extensão do meu corpo. Observando a fotografia acima, fica claro para mim, que esta câmera é uma derivação das antigas tecnologias, mas apenas em sua concepção, quando as lentes possuíam manoplas de controle de zoom e de disparo em seu próprio corpo e traziam um equilíbrio, entre o peso da câmera e a sua operação.
Hoje, estamos diante de uma fusão de universos, entre a fotografia e o vídeo, e as lentes possuem tecnologia interna para o zoom, foco e exposição, e dessa maneira, transmitem todas essas informações diretamente para as câmeras, e assim, eliminam a necessidade de manoplas externas e que numa avaliação mais crua, aumentariam significativamente o seu custo. E essa é, a razão de percebermos a gradual extinção das lentes com conexão B4 e da substituição pelas lentes com tecnologia fotográfica.
A nova PXW-FS7M2 tem em sua concepção, uma busca por preservar a operação em ombro, mantendo a ergonomia das antigas câmeras de vídeo, mas sem deixar de ser atual e avançada. Afinal, quando estamos falando na utilização de lentes fotográficas, o quê de mais importante se percebe, é a capacidade de foco automático de alta precisão, algo que no passado seria apenas um "delírio" de tecnologia futurista.

Há uma perversa dicotomia no nosso mercado, quando tecnologias distintas, apenas apresentam soluções na busca por sobrepujar ou até mesmo eliminar o desenvolvimento, que no passado, era um padrão de qualidade. Recentemente, existiu e ainda existe, uma grande euforia com a chegada da tecnologia fotográfica e que "quase" pulverizou tudo o que tínhamos, como conceito na produção de vídeo. É justa e merecida esta situação, mas que necessita de uma reflexão muito mais profunda de todos nós, para que não se perca justamente, a linha de desenvolvimento da tecnologia atual.
Sim, eu acho incrível dispor de lentes fotográficas fixas e com grandes aberturas, mas novamente eu confesso, a minha grande dificuldade de operação em câmeras DSLR. Vocês já refletiram, que inclusive a linguagem cinematográfica, que hoje aplicamos largamente nos nossos vídeos, foi de certa forma, criada e limitada pelo uso das lentes fixas? É comum inclusive, assistir a reportagens televisivas, aonde não se observa nenhum tipo de imagem em zoom constante... Tudo está fixo e sem movimento, justamente porque as lentes DSLR, assim não o permitem.
Acho este tema pertinente e que necessitamos avançar. Muito do conceito de vídeo se perdeu, ou que, até tenha sido substituído pela "avalanche" DSLR, que claro, trouxe novos conceitos e sobretudo, custos muito atrativos à produção. Na minha maneira particular de entender a tecnologia, a Sony percebeu esta inusitada situação e avançou com soluções de lentes, que mantém as características da fotografia, mas que recupera a linguagem de vídeo, através de lentes motorizadas de zoom, mas agora tendo novas concepções importantes.
As manoplas externas nas lentes de vídeo, que serviam inclusive, para sustentar e equilibrar a operação do cinegrafista, enfim foram eliminadas, mas de outro lado, novos botões de acesso ao zoom estão presentes em lentes, como por exemplo, o modelo E PZ 18-110mm G f/4 OSS, que faz parte do kit à venda, PXW-FS7M2K. Esse esforço do fabricante, demonstra claramente uma nova tecnologia, híbrida em conceito, mas que traz de volta, a figura do cinegrafista operando sua câmera em contato com seu corpo.
A Sony PXW-FS7M2 traz ainda em suas características, o SmartGrip, um braço estendido com uma manopla de controle, que assegura ao cinegrafista, as operações de Rec/Start, Zoom e de botões configuráveis. Este braço estendido pode ser configurado através de vários ângulos, oferecendo assim, diversas posições para a sua operação. Com certeza uma evolução de ergonomia e de operação.

A preservação de territórios, que antes eram amplamente assegurados pela Sony, hoje encontram grandes adversários no lado da fotografia e da tecnologia DSLR. Inclusive, existe sim, uma forte resposta da Sony em criar e assegurar lentes em formato de encaixe tipo E para os seus equipamentos e com toda a certeza, não parte de um simples e segmentado esforço. Numa observação ainda mais detalhada de mercado, a Sony consegue trazer outros importantes fabricantes de lentes, para o território do encaixe tipo E, como por exemplo, Fujinon, Zeiss, Rokinon e Schneider.
Toda e qualquer lente zoom ou desenvolvida para o cinema digital, na sua maioria, são de grande porte e de peso e que requerem, por parte do fabricante, adaptações às câmeras, para justamente oferecer um suporte adequado. Por isso, a Sony PXW-FS7M2, possui um encaixe de lente mais reforçado e com um sistema de travamento muito mais seguro.
No coração da Sony PXW-FS7M2 encontramos um sensor Super 35mm, desenvolvido em especial para a captação de vídeos e filmes, e assim, se define o seu universo de aplicação, através de 11,6 milhões de pixels nativos e 8,8 milhões de pixels efetivos à captação de vídeos 4K e UHD. Muito se mistura, quando se menciona a tecnologia atual, transformando coisas simples em equações binárias, mas é certo afirmar, que esta câmera foi desenvolvida através de uma sólida filosofia de imagens do fabricante e isso, é traduzido através da sua robustez, acessibilidade e tecnologia.
Interessante perceber as escalas de desenvolvimento, que esta câmera Sony apresenta aos seus consumidores e gradualmente, pode ser construída através de diferentes Fluxos de Trabalho. A sua gravação interna traz à superfície, o uso dos cartões de memória XQD Série G, e novamente, vamos entendendo, como o fabricante se preocupa em criar cada etapa da sua tecnologia.
Tudo o que entendemos sobre o desenvolvimento das câmeras digitais, independentemente se estamos falando sobre o universo da fotografia ou do vídeo, encontrará sempre a grande barreira da velocidade de gravação de dados; este é o grande gargalho digital... Como armazenar uma quantidade absurda de dados e ainda, manter a segurança e velocidade de gravação?
Os cartões de memória XQD Série G da Sony, possuem comunicação bidirecional para gerenciar o estrangulamento de informações e assim, asseguram a leitura e a gravação dos dados. A PXW-FS7M2 possui dois compartimentos para cartões de memória e grava vídeos 4K e UHD em até 60 quadros por segundo, através de taxas de dados de até 600 Mb/s. E ainda, a adoção do formato XAVC-I, assegura ainda mais a robustez da qualidade.
A correlação entre a qualidade da imagem e as taxas de dados, precisa ser entendida como o grande desafio da tecnologia digital. Não existe "mágica", uma imagem com maior qualidade, ocupará também, um espaço maior nos cartões de memória e estes, necessitam sustentar uma velocidade plausível e utilizando compressores avançados. Simples assim!

Neste momento da tecnologia tudo é variável, configurável e adaptável. Não existe uma fórmula fixa para se fazer vídeo, porque fazer vídeo, dependerá muito da sua concepção de Fluxo de Trabalho. Fazendo uma reflexão mais profunda, o que determinará sempre a sua maneira de fazer vídeo, será o veículo de exibição. O destino das imagens determinará o Fluxo de Trabalho.
Por isso, hoje as câmeras necessitam ser desenhadas e concebidas para atuarem de múltiplas maneiras e em múltiplos mercados. Isso faz sentido para vocês? Espero que sim, pois se nós conseguirmos entender as variáveis envolvidas, as escolhas serão mais tranquilas.
A Sony PXW-FS7M2 pode trabalhar de múltiplas maneiras e destinada a múltiplos mercados, inclusive as opções existentes de compressores, formatos e acessórios, garantirão todas essas possibilidades. É sempre um desafio desenvolver qualquer tipo de Fluxo de Trabalho, inclusive porque este por mudar radicalmente entre um material e outro, e por isso, o estudo da tecnologia precisa ser hoje, muito mais extenso.
Partindo do princípio de uma gravação interna, através dos cartões de memória XQD Série G, temos a nossa primeira opção de Fluxo de Trabalho e sem a necessidade de adicionar acessórios à PXW-FS7M2. Em um material 4K ou UHD encontramos o formato XAVC para a gravação das imagens e ainda, as opções dos métodos de compressão IntraFrame ou InterFrame. Aqui já estamos diante da nossa primeira escolha técnica e que definirá sobretudo, os volumes nas taxas de dados de gravação.
É fundamental entendermos as diferenças nos métodos de compressão e o quanto cada opção poderá oferecer na correlação entre a qualidade da imagem e o seu espaço ocupado nos cartões de memória. O método de compressão IntraFrame, denominado como XAVC-I, irá comprimir cada quadro de maneira individual e assim, naturalmente o arquivo de vídeo ocupará mais espaço. Já o método de compressão InterFrame ou LongGOP, denominado como XAVC-L, irá comprimir um grupo de quadros simultaneamente e assim, reduzirá o tamanho do arquivo de vídeo. Importante destacar também, que cada método de compressão, utiliza uma profundidade e amostragem de cor distinta, o que também impactará na qualidade da imagem.
XQD 128 GB (Série G)
XAVC-I
IntraFrame
Profundidade de cor 10 bit
Amostragem de cor 4:2:2
UHD (3.840 x 2.160)
59,94p - 600 Mb/s (22 minutos)
29,97p - 300 Mb/s (44 minutos)
23,98p - 240 Mb/s (55 minutos)
XQD 128 GB (Série G)
XAVC-L
InterFrame (LongGOP)
Profundidade de cor 8 bit
Amostragem de cor 4:2:0
UHD (3.840 x 2.160)
59,94p - 150 Mb/s (87 minutos)
29,97p - 100 Mb/s (131 minutos)
23,98p - 100 Mb/s (131 minutos)
Neste primeiro exemplo de Fluxo de Trabalho, existe uma qualidade Broadcast de imagens, seja para materiais mais curtos, quanto mais extensos. É importante observarmos o quanto de espaço cada método de compressão utiliza, pois isso, impactará nos custos da produção. Como colorista, eu sempre recomendaria a utilização do XAVC-I, por causa da sua profundidade de cor, mas percebam, que cada material tem a sua própria necessidade e a utilização do XAVC-L, também soluciona as nossas demandas com perfeição.
A Sony sempre esteve à frente com a tecnologia de formatos e compressores, e eu não ficaria surpreso, que num futuro muito breve, o XVAC-I ou até mesmo o XAVC-L, fossem adotados como padrão de transmissão das televisões em UHD. Faz sentido para mim.
Mas e se o nosso Fluxo de Trabalho demandasse ainda mais qualidade e quantidade nas taxas de dados? Evoluindo no desenvolvimento das nossas produções de vídeos e filmes, a Sony PXW-FS7M2 possui saídas externas de vídeo, através de conectores HDMI 2.0 e SDI, e dessa maneira, amplia a nossa solução de trabalho com a adoção de gravação externa.

Se determinarmos o pixel como a unidade de medida em um vídeo e que a quantidade de pixels, que o sensor Super 35mm pode gerar em um arquivo UHD, podemos afirmar, que a cada quadro estamos produzindo mais de 8 milhões de pixels. Então, tudo é matemática e proporção de espaço de informação. Existe sim, toda uma engenharia envolvida e que tem o seu propósito à transmissão da televisão. A reflexão mais importe nesse momento, é a de determinar como vamos transportar todos esses pixels, até o nosso destino de exibição.
Por isso, o desenvolvimento do Fluxo de Trabalho é tão determinante para o nosso sucesso. A cada escolha, serão envolvidas soluções técnicas, que impactarão em tempo, custos e qualidade. Eu sempre enfatizo muito o Fluxo de Trabalho, justamente por este tema ser, a tradução mais simples, do quanto de estudo se aplica no dia a dia. Afinal, na minha avaliação pessoal, não existe tecnologia de captação de imagens ruim, existe sim, tecnologia não entendida e aplicada de maneira equivocada.
Acompanhando toda a "avalanche" DSLR, que o mercado recebeu nos últimos anos, a prática de utilizar gravadores externos e com capacidades maiores nas taxas de dados, fundiu-se com a nossa realidade e se transformou em "quase" um padrão de procedimento técnico. Observando as características dos grandes sensores, encontrados nas câmeras fotográficas atuais, toda e qualquer gravação interna, demonstrou ser uma solução pobre e limitada. Por isso, naturalmente a opção dos gravadores externos se tornou tão necessária. Isso limitado ao universo DSLR.
A Sony PXW-FS7M2 possui uma gravação interna com qualidade Broadcast e mais do que sustentável para as produções televisivas, mas a reflexão que faço agora, é a de avançar ainda mais no desenvolvimento do Fluxo de Trabalho e utilizar as características do sensor Super 35mm em um outro patamar de qualidade. Aliás, como é "divertido" poder encontrar em uma câmera, múltiplos Fluxos de Trabalho e trazer para o dia a dia, novas e robustas soluções.

A Atomos vem desenvolvendo inúmeras soluções, que encontram nessa lacuna da gravação interna e de baixa taxa de dados, o seu merecido espaço. Através de equipamentos como o Atomos Shogun Inferno, oferece a gravação externa através de formatos e compressores distintos, como o Apple ProRes e Avid DNxHR. A construção de um novo Fluxo de Trabalho envolve sempre novos conhecimentos, práticas e investimentos.
O Atomos Shogun Inferno oferece também a gravação em formato RAW, mas é importante salientar, que no caso da PXW-FS7M2, é imprescindível a utilização da unidade de extensão, XDCA-FS7. O que se traduz em um novo investimento em tecnologia, mas que demonstra na prática, o quanto podemos evoluir e crescer em qualidade, mas tudo tem um custo...
Atomos Shogun Inferno
Apple ProRes HQ
IntraFrame
Profundidade de cor 10 bit
Amostragem de cor 4:2:2
UHD (3.840 x 2.160)
59,94p - 1.768 Mb/s (795 GB/hora)
29,97p - 884 Mb/s (398 GB/hora)
23,98p - 707 Mb/s (318 GB/hora)
Nada é simples diante do nosso posicionamento de trabalho e sim, custos serão sentidos quando se faz a utilização de gravadores externos, não apenas em relação à mídia utilizada, mas também em todo o processo de edição e pós-produção. Conforme se evolui no Fluxo de Trabalho, deve-se entender, que também os conhecimentos deverão acompanhar esse processo. Conhecimento é a chave da evolução profissional.
Fazendo uma reflexão mais avançada, a utilização de formatos e compressores Apple ProRes ou Avid DNxHR, poderia ser corretamente nomeada, como uma solução intermediária, entre os formatos XAVC-I e o RAW. Mesmo diante de um impacto de custos e operações, ainda assim, este Fluxo de Trabalho está muito bem centrado e equilibrado e deve ser sim, um bom objetivo de procedimento, pois oferece uma qualidade de imagem muito mais eficiente para a gradação de cor, por exemplo.
E ainda, dentro desse novo Fluxo de Trabalho, com a utilização de um gravador externo, novas portas serão abertas, como o conceito de arquivos On-Line e Off-Line, que agilizarão todos os processos de edição e pós-produção. O Atomos Shogun Inferno possibilita o controle de disparo simultâneo com a câmera da Sony PXW-FS7M2 e assim, dois arquivos serão gravados ao mesmo tempo, um internamente e outro externamente, mas cada qual, com uma qualidade diferente.
O arquivo denominado como On-Line, será o gravado no Atomos Shogun Inferno, através de um compressor mais robusto, como por exemplo, o Apple ProRes e o arquivo denominado como Off-Line, será gravado na câmera, através de um compressor bem mais leve, como o Mpeg-2 (HD). Ambos arquivos terão o mesmo código de tempo e duração.
Um arquivo On-Line é aquele que será utilizado no processo final, quando receberá todos os processos de gradação de cor e composição. E claro, um arquivo Off-Line é aquele que será utilizado nos processo de decupagem, rede, edição e compartilhamento. A pergunta que vocês sempre devem fazer é: Esta matemática está dentro do meu orçamento?

Desenvolvendo agora um terceiro Fluxo de Trabalho, mais destinado à gravação de arquivos RAW e tendo a necessidade de adicionar diversos acessórios importantes à Sony PXW-FS7M2, primeiro será encaixado diretamente à câmera, a unidade de extensão XDCA-FS7, então esta, será conectada via cabo, até a interface RAW, HXR-IFR5, e mais o gravador externo AXS-R5.
Entendendo um arquivo RAW, como detentor de todas as informações contidas no sensor Super 35mm, este com certeza será o seu melhor parceiro de qualidade, mas é claro, tudo tem um custo e está inserido dentro de um Fluxo de Trabalho muito especial, pois o manuseio de arquivos desta magnitude, sempre implicará em sistemas de arquivamento RAID, estações de trabalho "turbinadas" com grandes placas de vídeo e múltiplos processadores de computação.
Através da adição da unidade de extensão XDCA-FS7, uma nova característica será introduzida ao nosso Fluxo de Trabalho, que é o uso do compressor Apple ProRes 422 HQ para a gravação interna em alta definição, através dos cartões de memória XQD Série G. Talvez você utilize este recurso para a geração de arquivos On-Line, em substituição aos arquivos XAVC-I, ou talvez, você utilize isso para a geração de um arquivo Off-Line e em paralelo aos arquivos RAW, mas o mais importante, é se ter novas opções dentro do Fluxo de Trabalho.

A Sony sempre desenvolve soluções completas em seus sistemas de captação de imagens e mesmo, existindo claras opções de se chegar a um mesmo resultado, através de acessórios de outros fabricantes, fica ainda mais explícita para mim a confiabilidade, que encontramos por exemplo, nas mídias AXS da Sony. Este tipo de mídia, possui as mesmas dimensões físicas encontradas nas mídias SxS, amplamente utilizadas para formatos XDCAM, mas é claro, que as taxas de gravação de dados são muito diferentes, chegando a impressionantes 2,4 Gb/s, justamente para dar suporte aos arquivos RAW.
Mas não é apenas através da velocidade de gravação em mídias, que se desenvolve a qualidade de uma imagem, pois não podemos esquecer de outras características técnicas, como por exemplo, a profundidade de cor, que neste caso chega aos 12 bit. Vocês percebem agora as implicações, que teremos neste Fluxo de Trabalho? A cada evolução, desdobramento, adição de equipamentos e por fim, novos conhecimentos, estamos sim, fazendo a transição profissional para novos mercados e universos.
Cartão de Memória AXS (Série A)
Arquivo RAW
Profundidade de cor 12 bit
4K - até 60 quadros por segundo
2K - até 240 quadros por segundo
Como construímos uma imagem de qualidade? Até agora, conseguimos avaliar uma série de fatores técnicos, mais abrangentes em termos de concepção, ergonomia, taxas de dados e seus múltiplos Fluxos de Trabalho, mas é claro, que esses temas, são apenas a "ponta da pirâmide". Na base desta estrutura, que define a construção de uma imagem de qualidade, está o sensor e seus milhões de pixels, organizados em uma proporção de aspecto 17:9 (4K).
A Sony PXW-FS7M2 é uma câmera, que irá lhe oferecer duas configurações distintas, nomeadas de CUSTOM MODE e CINE EI MODE e que em sua descrição mais simples, encontramos uma configuração destinada ao vídeo e a outra para o filme.
O CUSTOM MODE se comporta de uma maneira muito parecida com as gravações tradicionais de vídeo, quando tudo aquilo que você enxerga no visor da câmera, é exatamente o que está sendo gravado nos cartões de memória, eliminando assim praticamente qualquer necessidade de pós-produção, como por exemplo a gradação de cor ou a aplicação de LUTs (Look of Table).
O CINE EI MODE, ou simplesmente, EXPOSURE INDEX, é a gravação que busca extrair o máximo de informações oriundas do sensor, centralizando esforços por informações de luminância e de crominância, ainda mais amplas e que têm uma preocupação específica com os espaços de cor, encontrados em diversos mercados de exibição, como o televisão e o cinema.
Uma imagem gravada através do CINE EI MODE, terá uma aparência "lavada" e quase sem cor, mas que contém uma quantidade de informações muito grande e que preserva através de curvas, todas as informações de luminância e de crominância. Encontramos um bom exemplo disso, através do S-LOG3, que é destinado à preservação da luminância das áreas escuras e médias das imagens, mas que necessitarão ser submetidas aos processos de gradação de cor e aplicação de LUTs (Look of Table).
Um LUT (Look of Table) é um tradutor entre espaços de cor, ou simplesmente, um parâmetro de gradação de cor, encontrado nos programas de correção de cor. Por exemplo, se eu gravo uma imagem através do perfil de imagem S-LOG3, a imagem terá a aparência "lavada" e será muito complicado para o cinegrafista ou diretor de fotografia, avaliarem os reais resultados.
É aqui que se faz necessária a aplicação de um LUT, e que traduza uma imagem S-LOG3 para o UHD. A imagem estará sendo gravada sempre através do S-LOG3, mas no visor da câmera ou através das saídas de vídeo existentes (HDMI 2.0 ou SDI), nós teremos a aplicação do LUT e as imagens serão visualizadas da maneira específica de um espaço de cor, seja para a televisão ou para o cinema. A Sony denomina este processo como MLUT's (Monitor Look of Table).
Seguindo este raciocínio, o S-GAMUT3, é destinado para se atingir o máximo em informações de crominância e de seus respectivos espaços de cor, como o UHD ou superior. Já o S-GAMUT3 CINE busca justamente trabalhar com o espaço de cor DCI-P3 (Digital Cinema Iniciatives), que está sendo adotado como padrão paras exibições nos cinemas pelo mundo.
Então, se estamos nomeando perfis de imagem específicos para a luminância e para a crominância, não seria lógico e natural a utilização em conjunto destes perfis? Sem dúvidas, e é por isso, que encontramos combinações de perfis de imagens como por exemplo, o S-LOG3 + S-GAMUT3 ou também, S-LOG3 + S-GAMUT3 CINE.
A PXW-FS7M2 oferece uma grande combinação de perfis de imagem, mas que necessitam ser entendidas tecnicamente e que estão destinadas ao veículo de exibição e de seus respectivos espaços de cor.

A luz chega até o sensor Super 35mm da PXW-FS7M2, através das lentes, até aqui nada de novo ou sobrenatural... Mas como essas informações luminosas serão "interpretadas" pelo sensor é o que nos mais interessa, certo? É aqui, que o uso de curvas de gama serão determinantes para o tipo de resultado, que estamos buscando.
Uma curva de gama determina a maneira como o contraste e o alcance dinâmico de uma imagem , podem ser registrados no sensor e altera justamente os valores de ISO, sem os problemas da geração de ruídos, encontrados durante a aplicação de ganhos db. A PXW-FS7M2 é capaz de atingir até 14 escalas de alcance dinâmico, mas o uso correto das curvas de gama, serão as responsáveis por esta maravilhosa habilidade.
Uma curva de gama com um alcance dinâmico reduzido, será traduzida como uma imagem mais contrastada e com pouca informação nas áreas mais claras. Já uma curva de gama com um alcance dinâmico ampliado, será traduzida como uma imagem menos contrastada, com o aspecto "lavado" e com muita informação nas áreas escuras, médias e altas.
Retornando ao tema do CUSTOM MODE e CINE EI MODE, cada uma dessas configurações, que encontramos na PXW-FS7M2, irá oferecer curvas de gama específicas, e assim, opções de alcance dinâmico e consequentemente de ISO. É importante salientar e destacar o quanto um sensor Super 35mm pode oferecer em termos de qualidade de captação dos sinais luminosos e sobretudo, como podemos "interpretar" essas informações de uma maneira muito mais profissional e produtiva.
Na configuração do CUSTOM MODE encontramos duas curvas de gama específicas e que são denominadas como: STD e Hypergamma. Já na configuração do CINE EI MODE, temos outras duas curvas de gama e que são denominadas como: S-LOG2 e S-LOG3. Em ambas as configurações, encontramos várias escalas de ISO, mas sempre mantendo zero db, ou seja, sem ruídos.
CUSTOM MODE
STD = 800 ISO (460% de alcance dinâmico)
Hypergamma HG1 até HG4 = 800 ISO (460% de alcance dinâmico)
Hypergamma HG7 e HG8 = 800 ISO (800% de alcance dinâmico)
CINE EI MODE
S-LOG2 e S-LOG3 = 2.000 ISO (1.300% de alcance dinâmico)
Eu gostaria de destacar os avanços, que encontramos no S-LOG3 e que traz uma importante atualização, em relação ao S-LOG2, porque justamente registra uma faixa dinâmica maior nas áreas médias e que também preserva mais as áreas altas, sem que sejam produzidos picos e perdas importantes.
Elaborando uma nova reflexão, sempre penso de que maneira posso utilizar melhor um sensor de uma câmera, e na minha avaliação pessoal, o S-LOG3, passa a ser um provável padrão de curva de gama e fundamental para qualquer que seja o meu material. Como colorista, sempre desejo expandir um sinal de vídeo, claro, a partir do melhor alcance dinâmico e assim, dispor das ferramentas necessárias para entregar a melhor gradação de cor.
Novamente, em cada Fluxo de Trabalho deve existir uma profunda reflexão, sobre como transpor todas as informações luminosas, que uma câmera pode oferecer, mas também, não devemos estar estagnados em desenvolvimento ou deixar de observarmos as características técnicas. A questão, que deixo aqui em aberto para todos vocês é: De que maneira eu posso entregar um material melhor?
De tempos em tempos, a tecnologia dá saltos enormes e acaba por nos surpreender... Dentro das novas características técnicas, que a Sony PXW-FS7M2 oferece, encontramos o Filtro Eletrônico e Variável de Densidade Neutra, que com certeza, traz uma mudança significativa em nossas produções. Ao invés, de termos os tradicionais filtros ND funcionando de maneira mecânica e estática, agora temos um ajuste constante da entrada de luz na câmera, oferecendo uma estabilidade perfeita diante de condições variáveis de luz.
Conforme vamos entendendo esta nova tecnologia, fica clara a percepção de que estamos diante de uma evolução, ou até mesmo de uma absorção, do universo da fotografia pelo universo do vídeo. Novamente, a Sony estabelece um novo território, aonde as características tão difundidas pela "avalanche" DSLR, enfim parecem ser melhor aproveitadas pelo vídeo. Ao invés de se dar sequência à dicotomia existente entre a fotografia e o vídeo, desta vez encontra-se um forte equilíbrio entre as tecnologias e novamente, a Sony determina a direção a ser seguida.
O quê de mais substancial encontramos nas lentes fixas fotográficas? Justamente a sua ampla abertura e consequentemente a sua profundidade de campo. Quanto mais aberta está uma lente fixa, mais desfoques possibilitamos às imagens e esta característica técnica, determinou o que hoje estabelecemos como uma linguagem cinematográfica, ou simplesmente, como "textura".
É claro, que encontramos dificuldades operacionais em utilizar uma lente fixa fotográfica, dentro do universo do vídeo, porque esta, tem toda a sua transmissão de informações feita de maneira eletrônica e não habilita muitas vezes, por exemplo, uma simples operação mecânica de íris.
O Filtro Eletrônico e Variável de Densidade Neutra, além de sua natural estabilização da entrada de luz na câmera, traz uma possibilidade inusitada e que irá aproveitar ainda mais, as características das lentes fotográficas e de seus maravilhosos desfoques. Inclusive, você poderá ter mudanças na profundidade de campo, sem perder a estabilidade da entrada de luz. Faz sentido para vocês? Espero que sim, pois se entendermos com mais propriedade esta nova tecnologia de filtro eletrônico, com certeza as nossas imagens ganharão muito em beleza e por que não mencionar também, em "textura".
A Sony PXW-FS7M2 traz possibilidades e características destinadas a uma gama muito grande de mercados e tem em sua ênfase, o desenvolvimento de um fabricante preocupado em criar todas as etapas da tecnologia e assim, oferecer aos seus consumidores, um sistema completo de captação de imagens 4K e UHD. Desde as suas mídias proprietárias, até a inovação do Filtro Eletrônico e Variável de Densidade Neutra, esta câmera é sem dúvidas, indispensável ao mercado brasileiro, porque encontra-se também em uma faixa de investimento plausível.
E ainda, é interessante observarmos os deslocamentos efetuados pelo fabricante, que absorve tecnologias antigas, remodela e apresenta soluções inovadoras em termos de portabilidade, e ainda traz, o que de melhor existe nas tecnologias atuais de lentes e nas profundidades de campo. Mesmo para os profissionais desatentos, tenho a certeza de que as melhorias nos conceitos de imagem, serão muito observadas e que trarão, com toda a certeza, novos patamares de produção do que podemos chamar, de uma fusão acertada entre a fotografia e o vídeo.
Websites:
Sony Brasil (PXW-FS7M2) : link
Fujinon USA (Lentes) : link
Zeiss USA (Lentes) : link
Rokinon USA (Lentes) : link
Schneider USA (Lentes) : link
Atomos (Shogun Inferno) : link
Documentos para download em formato PDF:
Sony PXW-FS7M2 (Manual) : link
Sony PXW-FS7M2 (Guia Técnico) : link
Sony PXW-FSM2 (Brochura) : link
Atomos Shogun Inferno (Brochura) : link
Apple ProRes (Guia Técnico) : link
Avid DNxHR (Guia Técnico) : link
Sony XAVC (Guia Técnico) : link
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