Panasonic - AU-EVA1
- Marcello Caldin
- 30 de out. de 2017
- 21 min de leitura
Pense grande e você encontrará uma nova ferramenta para as suas produções, a camcorder da Panasonic AU-EVA1. Esta nova matéria teve início através de uma reflexão importante... Qual seria o real impacto, que um sensor de grande proporção teria no meu Fluxo de Trabalho? E foi justamente na busca por esta resposta, que eu escrevo estas palavras. Particularmente, eu sempre busco refletir sobre como uma nova tecnologia transforma o meu dia a dia, seja como editor, colorista ou consultor.

A minha primeira reação à Panasonic AU-EVA1, foi em relação ao seu sensor de grande proporção com 5.7K (5.720 x 3.016 pixels efetivos) e o seu real significado. Por que não pensar grande? Acredito, que essa foi a intenção do fabricante em ampliar os horizontes do seu novo equipamento e oferecer um alto patamar de qualidade e versatilidade aos consumidores... Afinal, por que limitar o sensor apenas ao tamanho de 4K?
Nesta época em que vivemos uma simbiose de tecnologias e de mercados, quando a fotografia puxou para cima todas as regras da qualidade do vídeo, falar de super sensores passou a ser até trivial. A Panasonic AU-EVA1 registra as imagens através de 17,25 megapixels efetivos e busca realmente entregar todos esses pixels em suas imagens e assim, realiza uma super amostragem de pixels em um arquivo 4K.

Se elegermos o pixel, como a unidade de medida em um vídeo, a matemática nos auxiliará a entendermos melhor a qualidade de qualquer sensor... Em um sensor com 5.7K, teremos 5.720 pixels verticais e 3.016 pixels horizontais e assim, vamos fazer uma conta simples de multiplicação? O resultado será, que este sensor é capaz dc registrar impressionantes 17 milhões, 251 mil e 520 pixels!!
Seguindo com a matemática, em um vídeo 4K, teremos 4.096 pixels verticais e 2.160 pixels horizontais e fazendo novamente a sua multiplicação, teremos o resultado de 8 milhões, 847 mil e 360 pixels. Então, seria justo e correto afirmar que, a Panasonic AU-EVA1 registra quase o dobro de pixels necessários para um vídeo 4K.
Sensor 5.7K (5.720 x 3.016) = 17.251.520 pixels
Vídeo 4K (4.096 x 2.160) = 8.847.360 pixels
17.251.520 - 8.847.360 = 8.404.160 pixel
De nada serviriam todos esses megapixels, se justamente os seus arquivos de vídeo não possuíssem qualidade... A Panasonic AU-EVA1 grava os seus arquivos 4K e UHD através de uma taxa de dados de 150 Mb/s InterFrame (LongGOP) e com amostragem de cor 4:2:2 e com profundidade de cor de 10 bit. E melhor, gravando internamente em cartões de baixo custo.
4K e UHD - 150 Mb/s - 4:2:2 - 10 bit - Mov H.264 InterFrame (LongGOP)
Cartão de memória - SDXC V90
Um detalhe técnico, que muitas vezes é incompreendido em nosso universo digital, é justamente a maneira como esses pixels são transformados em arquivos de vídeo. Quando se fala em formato de vídeo, estamos nos referindo ao tipo de caixa aonde o vídeo será armazenado, como por exemplo, ponto movie (.MOV), que é um dos formatos disponíveis na Panasonic AU-EVA1. E quando, se fala em compressor de vídeo (CODEC), estamos nos referindo ao tipo de compactação, que o vídeo sofrerá para ser colocado dentro da caixa (formato). Nesta camcorder, temos entre as opções, o compressor (CODEC) H.264.
Formato = caixa aonde se guarda o vídeo (.MOV, .AVI, .MP4)
Compressor = compactador de vídeo (H.264, ProRes, DNxHD)
Ainda sobre os tipos de compressores, há duas maneiras de se compactar as imagens, sendo a primeira opção, denominada de IntraFrame (All-Intra), que é a compactação individual de cada quadro e ainda, a segunda opção, denominada de InterFrame (LongGOP), que é a compactação por grupos de quadros.
E qual seria o real impacto em nosso Fluxo de Trabalho, que o tipo de compactação de quadros, representa? O InterFrame (LongGOP) compacta os arquivos de vídeo de maneira mais severa, reduzindo assim o seu tamanho final. Já o IntraFrame (All-Intra) compacta os arquivos de vídeo de uma maneira menos severa, aumentando muito o seu tamanho final.
InterFrame (LongGOP) = arquivos menores
IntraFrame (All-Intra) = arquivos maiores
Está planejada uma atualização nas taxas de dados de gravação, subindo dos atuais 150 Mb/s para 400 Mb/s e assim, um grande impacto será plausível em nosso Fluxo de Trabalho. Em um cartão de memória SDXC V90, com capacidade de 128 GB, poderemos gravar uma hora e cinquenta minutos de vídeo em 4K e UHD, utilizando a taxa de dados de 150 Mb/s, ou também, poderemos gravar quarenta minutos de vídeo em 4K e UHD, utilizando a taxa de dados de 400 Mb/s.
Em um cartão de memória de 128 GB (SDXC V90)
150 Mb/s InterFrame (LongGOP) = 1 hora e cinquenta minutos de gravação 4K e UHD
400 Mb/s IntraFrame (All-Intra) = 40 minutos de gravação 4K e UHD
Este tipo de tecnologia me faz lembrar dos tempos da transição entre o SD e o HD, quando era nítido o impacto na qualidade das novas imagens, justamente por entender, que uma maior quantidade de pixels transformava prazeirosamente o nosso mercado. E este é um ponto, que eu gostaria muito de destacar... A Panasonic AU-EVA1 registra as imagens em 5.7K e dessa maneira, entrega um 4K melhor e mais definido. Faz sentido? Sim, sem dúvidas!
Acredito que estejamos vivenciando uma nova etapa na tecnologia de captação de imagens, quando não encontramos mais as limitações nos sensores de vídeo e abrindo novas possibilidades nas escalas de tamanho dos arquivos. Em breve, poderemos ter sensores ainda maiores e com conversões de tamanho nas imagens mais abrangentes, mas para o momento, percebo apenas na Panasonic a vontade de trilhar por esse caminho, pensando maior eu diria e não segurando a tecnologia.
É necessária ainda uma observação importante, para que não façamos uma errada interpretação técnica sobre este sensor... Este é um sensor Super 35 (17:9 4K), ou seja, é um sensor destinado para a gravação de vídeo e assim, as imagens serão mais nítidas e definidas e não sofrerão com o "foco doce", algo muito comum em outros equipamentos, que têm em sua essência a fotografia.

Novamente, de nada adiantaria termos um sensor de grande proporção, se este não oferecesse um alcance dinâmico proporcional, certo? Sim, esta reflexão é fundamental. Percebam, que é a minha intenção aqui, trilhar uma sequência de reflexões para que possamos entender juntos, até onde poderemos chegar com a Panasonic AU-EVA1. Aliás, na minha interpretação particular, não existe tecnologia ruim, e sim, tecnologia mal compreendida ou aplicada de maneira equivocada.
Seguindo, este novo sensor Super 35 oferece até 14 escalas de alcance dinâmico e assim, estamos falando de uma captação flexível destinada para filmes e vídeos. A preservação de todo o sinal registrado no sensor, é possível através de ferramentas internas como o V-LOG e V-GAMUT, que todos nós precisamos entender com maior propriedade técnica.
A luz chega até as lentes e são registradas nos sensores...Até aqui, nada de novo. Os sensores transformam essas informações luminosas em arquivos nativos e sem conversões, naturalmente denominados de RAW (do inglês: cru ou não processado). Um arquivo RAW não é ainda, um arquivo de vídeo, pois possui apenas as informações contidas nos sensores e necessitam posteriormente, serem transformados em arquivos de vídeo, através dos processos de amostragem, profundidade de cor e compressores.
Um arquivo RAW é merecidamente grande, pois possui todas as informações contidas nos sensores e nada é perdido, absolutamente nada! Em um Fluxo de Trabalho de filmes, o RAW é o melhor parceiro na manutenção de toda a qualidade oriunda dos sensores, mas é claro que isso tem um preço, pois demanda um alto investimento desde os cartões de memória, discos rígidos em RAID e estações de edição "turbinadas" com placas e processadores de grande capacidade.
Como colorista, eu sempre espero receber os meus arquivos em formato RAW e acredito que todos vocês também assim o desejam, mas refletindo justamente sobre um Fluxo de Trabalho dentro de um orçamento plausível, a tecnologia LOG foi criada para encontrar uma ponte econômica entre o RAW e o vídeo.
Compreendendo o RAW como um negativo digital e que necessitamos transferir as suas informações para o vídeo de uma maneira mais viável, a ferramenta LOG é similar ao de um escaneamento desse negativo digital, preservando todas as informações de luz (V-LOG) e de cor (V-GAMUT).
O V-LOG é uma ferramenta destinada à preservação da informação luminosa contida nos sensores e realizada através de curva, igual às câmeras VARICAM. O V-LOG possibilita que registremos em vídeo, todas as informações luminosas contidas no sensor e suas 14 escalas de alcance dinâmico, atuando em uma escala entre -8 até + 6 exposições.

O V-LOG precisa ser compreendido como uma ferramenta, que possibilita o registro de uma imagem como se esta fosse registrada em RAW, contendo todas as informações com um alto alcance dinâmico, mas em formato de vídeo e assim, acessível em tamanho e impactando de maneira suave todo o seu Fluxo de Trabalho.
E ainda, uma imagem gravada através de V-LOG, obrigatoriamente precisará ser trabalha em pós-produção, através de um programa de gradação de cor, ou programa de edição não-linear, que tenha à sua disposição ferramentas precisas de correção de cor. Mas e se você, em seu Fluxo de Trabalho, não dispor de tempo hábil para incluir este processo de cor?
O V-709 é justamente uma junção da ferramenta de V-LOG, com a adição do espaço de cor ITU-R BT 709, ou seja, você faz o registro de todo o alto alcance dinâmico, mas já transforma a sua imagem para o espaço de cor da alta definição. É um processo similar ao de se gravar uma imagem através de V-LOG, abrir essa imagem em um programa de gradação de cor e aplicar um LUT (Look of Table) ITU-R BT 709.
Tudo depende da sua melhor compreensão do seu Fluxo de Trabalho e de quais etapas e processos você deseja incluir ou excluir. Eu sempre enfatizo a questão do Fluxo de Trabalho, pois isso ainda é uma realidade nova nesse nosso universo digital e deve ser entendida, como uma diagramação e organização de seu dia a dia.
Um LUT (Look of Table) deve ser entendido como um tradutor entre espaços de cor e também, como um "Look" pré-criado para se chegar a um resultado de gradação de cor. A Panasonic AU-EVA1 possui ainda, diversos LUTs para se chegar a um resultado de gradação de cor, já durante a gravação das cenas, e assim, reduzir os processos de pós-produção.
O V-GAMUT é uma ferramenta destinada à preservação da informação de cor contida nos sensores. O V-GAMUT possibilita que registremos em vídeo, os espaços de cor presentes nos filmes para o cinema (P3DCI) e para o UHD (ITU-R BT2020).

É muito interessante observarmos o gráfico acima, que foi retirado do manual de referência da Panasonic, sobre o V-LOG e V-GAMUT (28/11/2014) e que demonstra até aonde a Panasonic AU-EVA1 pode alcançar em termos de espaço de cor. Percebam, que o espaço de cor da alta definição (ITU-R BT 709) possui um sinal luminoso muito inferior aos demais espaços de cor, como por exemplo o UHD (ITU-R BT 2020) e o de filmes para o cinema (P3DCI) e isso, é crucial para o nosso entendimento. O V-LOG e o V-GAMUT podem ser utilizados simultaneamente.
Toda a ciência de cores (Cinematic Colorimetry), que foi desenvolvida para as câmeras VARICAM, está disponível nesta camcorder, e assim, o "VARICAM LOOK" também. Existe hoje, uma grande discussão entre os profissionais sobre o que é uma "textura" de cinema e o que é uma "textura" de vídeo, e é claro, que este tipo de tema envolve inúmeras variáveis e fatores técnicos, mas também abraça uma ampla gama de desinformação.
O filtro para a separação otimizada de cores, pertence justamente a esta ciência de cores e que atua na melhoria da reprodução das cores primárias. É até engraçado escrever e entender mais sobre a tecnologia atual e fazer uma comparação com a época do Betacam SP... Há tanta coisa envolvida na tecnologia atual e sobretudo sobre a ciência de cores, que seria até uma atitude desmedida não estudar este tema. Cada detalhe técnico, cada desenvolvimento, nos traz até este momento, em que já não há mais desculpas para se descartar estas informações.

Hoje, estamos no meio da transição entre o HD e UHD, exatamente como foi no passado recente entre o SD e HD e percebo os mesmo equívocos sendo cometidos pelos profissionais do nosso mercado. Grava-se em UHD, mas o destino final das imagens é HD e ainda, grava-se em UHD e se faz a gradação de cor com o espaço de cor HD.
Percebo nas produtoras de filmes a mesma situação do passado e uma certa confusão técnica instaurada nas mentes dos profissionais, sem ao certo saber a hora correta de fazer a migração completa. Reflitam comigo... Se eu invisto em um equipamento UHD, eu não deveria ter um Fluxo de Trabalho integral em UHD?
Há muita margem de interpretação para esta pergunta, mas então eu faria uma sincera sugestão, para que observássemos um Fluxo de Trabalho integral em UHD, inclusive com a masterização do material em UHD e para depois, em um processo de conversão simples, realizássemos uma cópia HD. Digo isso, por experiência própria, quando recebo as imagens para gradação de cor em UHD, a estação de edição e em especial os seus monitores, estão corretamente calibrados no espaço de cor UHD. Isso preservará a longevidade do seu material, mas é claro, apenas uma reflexão e sugestão.

Entre as gratas surpresas, que a Panasonic AU-EVA1 possui, encontra-se uma nova tecnologia referente à aplicação de dois parâmetros nativos de ISO. Lembro de ter trabalhado com câmeras, que tinham um sensor não muito sensível à luz e assim, ter que solucionar problemas de granulação e ruído na pós-produção. E isso, infelizmente se tornou um pouco comum...
Há uma nova proposta chegando com esta camcorder, que é a utilização de dois parâmetros nativos de ISO, 800 e 2.500. E é claro, que esta nova característica traz uma importante solução e avanço para a captação das imagens. Normalmente, o ISO 800 resolverá a maioria das situações de gravação, mas ainda, a possibilidade de utilizar o ISO 2.500, como recurso às cenas em situação de baixa luz, é um grande alívio no nosso dia a dia.
Com a utilização do ISO 800, a camcorder irá trabalhar com uma sensibilidade, entre 200 até 2.000 e com a utilização do ISO 2.500, entre 1.000 e 25.600.

Observem no gráfico acima, como a proposta de se ter dois ISO nativos funciona e sobretudo, como a redução dos ruídos está preservada. É uma maneira muito inteligente de se utilizar as capacidades do sensor e oferecer uma sensibilidade maior da luz, sem os problemas de geração característicos de ruído.
ISO 800 - entre 200 e 2.000
ISO 2.500 - entre 1.000 e 25.600
Não devemos confundir a nomenclatura de DUAL NATIVE ISO, com a gravação simultânea com dois parâmetros de ISO, mas sim, que devemos escolher cada opção de acordo com a situação de cada cena. E ainda, também não devemos confundir um ISO de 2.500, com uma gravação às escuras e sem iluminação nenhuma.

Em um universo digital em que "mais é melhor", as taxas de dados aplicadas à gravação das cenas serão determinantes no sucesso do nosso Fluxo de Trabalho. A Panasonic já demonstrou através de outros importantes lançamentos de equipamentos de captação, como a Panasonic Lumix DC-GH5, que não está brincando nessa área e disponibiliza aos seus consumidores, altas taxas de dados de gravação interna e externa.
Com a nova Panasonic AU-EVA1 tudo isso se confirma e inicialmente, já é possível gravar internamente as imagens em 4K e UHD com uma taxa de dados de 150 Mb/s e ainda, através de atualização futura, a taxa de dados subirá para 400 Mb/s. Ressaltando que estamos falando em ambos os casos, de uma amostragem de cor 4:2:2 e 10 bit de profundidade de cor. E ainda, sobre as futuras atualizações, eu não poderia deixar de enfatizar a gravação externa em formato RAW 4K e 5.7K!!!
Seria justo e correto afirmar então, que a Panasonic AU-EVA1 oferece aos seus consumidores, três opções distintas nas taxas de dados de gravação, sendo a primeira com uma taxa de dados de 150 Mb/s, a segunda com uma taxa de dados de 400 Mb/s e a terceira em formato RAW, através de gravação externa via conector SDI. Seria ainda mais justo afirmar, que estas três opções representam claramente, os três principais mercados e seus respectivos segmentos: internet (150 Mb/s), televisão (400 Mb/s) e cinema (RAW).
Internet - 150 Mb/s
Televisão - 400 Mb/s
Cinema - RAW
Seguindo as trilhas deixadas pela Panasonic Lumix DC-GH5 e de seu legado natural, as elevadas taxas de dados de gravação disponíveis hoje e futuramente para a Panasonic AU-EVA1, trazem à tona uma importante reflexão entre o que se vende e o que se recebe de um fabricante. Afinal, até agora falamos sobre um super sensor de 5.7K, Dual Native ISO, alcance dinâmico de 14 escalas e espaços de cor de cinema, e novamente me pergunto... Para que serve tudo isso, se eu tiver uma taxa de dados de gravação pequena? A Panasonic AU-EVA1 preserva todas as suas boas características técnicas, através de suas altas taxas de dados de gravação interna e ainda possibilitará em breve, gravação externa em RAW 4K e 5,7K.
A Panasonic AU-EVA1 chega ao mercado ocupando uma lacuna deixada entre a Panasonic Lumix DC-GH5, destinada a um mercado de baixo orçamento e a linha VARICAM, destinada a um mercado de alto orçamento. Na minha avaliação, o fabricante cria um equipamento, que ocupa justamente um mercado intermediário e oferece uma importante solução aos seus clientes.

A cada nova reflexão se torna possível um entendimento mais amplo, não apenas sobre a Panasonic AU-EVA1, mas sobretudo, como essa nova tecnologia impactará no nosso dia a dia. É fácil compreender, que em todo o seu desenvolvimento, existiu um cuidado e atenção não apenas aos detalhes técnicos, mas também, uma busca por criar um Fluxo de Trabalho mais abrangente.
Dentro de todas as suas características, a Panasonic AU-EVA1 possui uma, que demonstra ainda mais a intenção do fabricante em inovar e repensar tudo o que já era padrão. Eu falo sobre a migração na utilização de lentes com encaixe Canon EF, e confesso a vocês, a minha imensa surpresa.
Historicamente, a Panasonic sempre esteve ao lado das lentes Leica e assim, sempre ofereceu aos seus consumidores, excelentes soluções ópticas. Mas o mundo mudou e se adaptou às novas realidades diante da tecnologia DSLR e por análise final, hoje as lentes com encaixe Canon EF estão por toda a parte. E ainda, na minha avaliação particular, manter as lentes Leica nesta nova camcorder seria "quase" um suicídio técnico.
Coragem, muita coragem da Panasonic em abrir esse novo caminho. Gostaria de ver esse tipo de atitude em outros fabricantes, que também possuem e desenvolvem tecnologias de captação incríveis, mas continuam limitando as opções de óptica em seus equipamentos. A cada lançamento, a cada nova etapa da tecnologia, certas barreiras estão sendo superadas, como na questão da óptica Canon EF em câmeras Panasonic, como também nas elevadas taxas de dados na gravação.
E ainda, falando sobre lentes, a Panasonic AU-EVA1 oferece a estabilização interna das imagens, denominada de E.I.S. (Eletronic Image Stabilization) e se pensarmos novamente, sobre a utilização de um super sensor de 5.7K, todo e qualquer processo eletrônico de estabilização de imagens para 4K, quando existe esta grande margem excedente de pixels, será um processo ainda mais preciso e profissional.
Aliás, sempre me questiono quando um equipamento de captação de imagens oferece a ferramenta de estabilização de imagens, mas em seu sensor não existe margem excedente de pixels... De onde se tiram os pixels para esse processo? Acabamos tendo por fim, um efeito horrível de "warp", esticando as imagens como se abre uma massa de pizza.
Ampliando a questão sobre a óptica, a Panasonic AU-EVA1 oferece três escalas de filtro de densidade neutra (ND 2, 4 e 6 escalas) e ainda, a possibilidade de desativar o sensor de infra-vermelho (IR CUT). Duas ferramentas essenciais relacionadas às imagens e a sua criatividade. Estabelecendo uma relação técnica entre a lente e o filtro de densidade neutra, reflitam comigo, se eu abrir mais a minha lente, deixando-a mais clara e com lindos desfoques externos e ao mesmo tempo, usar o filtro de densidade neutra, existirá uma natural compensação da exposição.

Continuando a pensar grande, a Panasonic AU-EVA1 está repleta de conexões e que irão solucionar muitas das lacunas existentes nos Fluxos de Trabalho. Primeiro, vou mencionar a saída de vídeo SDI (6G, 3G e 1,5G), que possibilita a entrega de sinais 4K, UHD e HD, mantendo a amostragem de cor em 4:2:2 e profundidade de cor em 10 bit. Aqui fazemos uma nova reflexão e percebemos que estamos aptos a trabalhar em um mercado de transmissões ao vivo e estúdio, e ainda, de conetar a camcorder a um gravador externo, como por exemplo, um Atomos e ter taxas de dados de gravação ainda mais altas. Detalhe importante, através do protocolo existente neste sinal SDI, a função de disparo de Rec e Stop é possível pelo gravador externo.
Segundo, as mesmas especificações técnicas existentes na saída SDI, você encontrará na saída HDMI 2.0, desde a qualidade do sinal, até a possibilidade de disparo de Rec e Stop. Talvez você tenha em seu Fluxo de Trabalho um gravador externo SDI ou um monitor de referência com entrada HDMI, não importa, porque com essa camcorder você terá tanto uma saída SDI, quanto HDMI.
Importante destacar, que você pode estar gravando internamente uma imagem 4K com a ferramenta V-LOG, mas estar monitorando as imagens através de saídas SDI, HDMI 2.0 ou até mesmo pelo visor eletrônico, com a aplicação de LUTs, como por exemplo, o V-709, e assim, ter a certa percepção de como as imagens ficarão durante o processo de pós-produção.
Terceiro, se você trabalha com transmissões ao vivo e utiliza múltiplas câmeras, entenderá a importância de um conector SDI apenas para Time Code!!! Este conector pode funcionar tanto como para gerar o sinal com Time Code embutido, ou para receber o sinal de Time Code gerado por outro equipamento. Independentemente se for SDI In ou SDI Out, as suas câmeras estarão recebendo o mesmo sinal de Time Code e sincronizando as gravações. E se você for um editor como eu, que acaba editando shows e múltiplas câmeras, você irá ficar tão feliz quanto eu.
Quarto, uma conexão USB 2.0 para se adicionar o módulo de transmissão WiFi (AJ-WM50 vendido separadamente) e assim, possibilitar o controle remoto através de aparelhos com sistemas operacionais iOS e Android.
E por fim, temos dois conectores de áudio XLR balanceados para entradas de microfones ou de linha.

A Panasonic AU-EVA1 é muito leve em seu peso, possuindo apenas 2,05 quilos com a adição de acessórios e 1,2 quilos sem acessórios (manopla de lente, monitor de vídeo e suporte). Isso a classifica para novos mercados, como de drones e gimbals. A união de suas características de controle remoto através de WiFi, da estabilização interna de imagens (E.I.S.) e de peso tão reduzido, viabiliza enfim, novos mercados e aplicações.
Sempre buscamos por novos equipamentos, que sejam reduzidos no tamanho, mas que possam registrar as imagens em UHD e com taxas de dados de gravação mais altas e enfim, temos na Panasonic AU-EVA1 uma grata opção técnica.
Lembro de no passado não tão distante, de que para se ter uma imagem aérea, eram necessários equipamentos fora da escala do orçamento, como helicópteros e sistemas de estabilização mecânicos. Claro que hoje, os drones ocupam grande parte do nosso mercado, mas ainda estava reduzido à utilização de câmeras fotográficas ou de câmeras de esportes radicais, que em sua grande maioria, oferecem taxas de dados de gravação muito reduzidas. Hoje essa realidade muda, com a chegada da Panasonic AU-EVA1!

Como toda tecnologia a ser compreendida, a Panasonic AU-EVA1, chega ao mercado pensando grande e mudando a maneira como o fabricante se posiciona a respeito de suas soluções aos consumidores. Tudo parte do princípio de um super sensor com 5.7K, muito maior do que os tradicionais 4K e por isso, através de uma super amostragem de pixels, propõe a entrega de uma imagem mais rica de detalhes, luz e cor. Este é o coração da câmera e com certeza, um coração jovem.
Poucas vezes vi em um lançamento, tantos movimentos corajosos e que enfatizam justamente esta juventude. Toda a tecnologia, que a Panasonic criou para a sua linha de câmeras VARICAM, está presente na AU-EVA1 através de ferramentas como o V-LOG e V-GAMUT. E isto, com certeza, responde à minha reflexão inicial, sobre qual seria o real impacto, que um sensor de grande proporção teria no meu Fluxo de Trabalho.
Na minha avaliação particular, hoje já ultrapassamos a etapa de migração entre o HD e UHD, e por isso, toda e qualquer nova tecnologia, tem a obrigação de atender as demandas técnicas contidas em uma transmissão UHD, mesmo que ainda as emissoras de televisão estejam a poucos passos dessa nova fase, vale lembrar e enfatizar, que a internet já está transmitindo seus conteúdos em UHD. Isso apenas reforça ainda mais a minha avaliação.
A Panasonic AU-EVA1 alcança patamares de espaços de cor adequados a esta nova realidade UHD e novamente eu reforço, a necessidade de se ter um Fluxo de Trabalho UHD do começo ao fim. O V-LOG e o V-GAMUT são ferramentas obrigatórias e que asseguram a qualidade técnica para a gradação de cor e ainda, a consciência da preservação dos sinais originais nas cenas, já não pode mais ser descartada.
Reflexão após reflexão, muito além de se entender a nova tecnologia e dos respectivos impactos em nossos Fluxos de Trabalho, tudo está interligado de maneira técnica e pessoal, quando a correta interpretação da tecnologia eleva a qualidade dos profissionais. Afinal, não existe qualquer tipo de Fluxo de Trabalho apenas feito de máquinas e sensores, a parte mais rica e desafiadora é o profissional por detrás disso tudo.
Em minha reflexão final, agora mais focado no desenvolvimento de um Fluxo de Trabalho, aonde a Panasonic AU-EVA1 está inserida, eu gostaria de destacar algumas dicas e sugestões aos profissionais, que estão em busca de um entendimento ainda mais avançado sobre esta nova tecnologia:
V-LOG e V-GAMUT - Estas duas ferramentas assegurarão o registro das imagens em um espaço de cor UHD (ITU-R BT 2020), além de alcançar as 14 escalas de alcance dinâmico. A gradação de cor deve ser realizada neste espaço de cor e os monitores de referência devem estar corretamente calibrados. Masterize os materiais em UHD e depois faça as cópias para outros tamanhos. Preserve a vida útil do seu trabalho, pense sempre em UHD.
ON-LINE e OFF-LINE - Estão disponíveis dois compartimentos para cartões de memória e assim, a gravação em paralelo é possível. Em um cartão você grava as imagens em UHD com a taxa de dados de 150 Mb/s (ou 400 Mb/s quando disponível) e que serão denominadas como ON-LINE e no outro cartão, de maneira simultânea, você grava as imagens em HD com a taxa de dados de 25 Mb/s (AVCHD) e que serão denominadas como OFF-LINE. Dessa maneira, você pode editar tranquilamente as imagens em qualquer computador ou laptop, sem as demandas de investimentos que o UHD requer. Nunca apague os arquivos ON-LINE, pois eles terão as informações de V-LOG e V-GAMUT. Você também pode denominar como um arquivo ON-LINE, um arquivo gravado de maneira externa, através da conexão SDI e ter taxas de dados ainda mais altas, como por exemplo o ProRes e o RAW.
LENTES EF - É muito provável que você tenha uma certa quantidade de lentes com esse tipo de conexão e por isso, será um investimento a menos nesse momento. Mas caso você tenha a oportunidade de investimento, encontramos vários fabricantes de lentes fixas e destinadas à gravação de vídeo UHD e que são muito acessíveis. Um bom exemplo disso, são as lentes para cinema da Rokinon (Linha Xeen).
FILTRO ND - Aliando a qualidade de luminosidade das lentes EF, trabalhe em parceria com os filtros de densidade neutra, para justamente expor mais as lentes e ter os efeitos de desfoque nas bordas das imagens. Os resultados serão muito gratificantes. E ainda, qualquer tipo de imagem externa necessita sempre de um filtro de densidade neutra, mesmo que de pequeno impacto.
ISO 800 e 2.500 - Com duas escalas de ISO nativos, nunca force demais os resultados utilizando apenas um dos ISO. Não se esqueça, teste cada um e seus resultados e sobretudo, entenda as relações entre as lentes, filtro ND, ISO e shutter.
ALTA TAXA DE QUADROS - Você pode gravar uma quantidade maior de quadros por segundo e conseguir naturalmente os resultados de câmera lenta. Essa taxa varia desde 60 quadros por segundos em UHD até 240 quadros por segundo em 2K. Entenda melhor e respeite esta tecnologia, pois quando se grava a 60 quadros por segundo em UHD, a taxa de amostragem de cor é de 4:2:0, a profundidade de cor é de 8 bit e a taxa de dados é de 150 Mb/s. E quando se grava a uma taxa de quadros superior a 60 quadros, o tamanho da imagem é menor do que o UHD. Para a função de câmera lenta é utilizada a tecnologia de PIXEL MIX e com a função de anti-serrilhamento das imagens.
UPDATE - Estão programadas diversas atualizações e que têm como foco o aumento das taxas de dados de gravação, que vão desde a melhoria da gravação interna para 400 Mb/s, até a gravação externa em RAW. Atualize sempre o seu equipamento e assim, preservará a sua vida útil, além de ampliar novas possibilidades de trabalho e de mercado. Preste atenção ao fabricante Atomos, empresa destinada a gravadores externos, pois hoje ela é um importante parceiro comercial da Panasonic e tem desenvolvido soluções específicas para a linha VARICAM e é muito provável, que em breve tenhamos algo destinado para a Panasonic AU-EVA1.
TIME CODE - A sincronização das câmeras através de Time Code é fundamental quando se trabalha com shows, clipes e eventos ao vivo e por isso, nunca esqueça de realizar este procedimento. Na hora de editar o seu material, todas as cenas das diversas câmeras terão o mesmo Time Code e assim, a sua organização e precisão serão profissionais.
No último dia 28 de setembro, a Merlin Vídeo, revenda autorizada da Panasonic no Brasil, realizou a transmissão ao vivo sobre a Panasonic AU-EVA1, com a presença especial do senhor Sergio Constantino, Gerente Broadcast da Panasonic Brasil, evento ao qual tive a grata oportunidade de participar, realizando perguntas técnicas sobre a nova tecnologia. Durante um pouco mais de uma hora de transmissão, não apenas pudemos conhecer a nova camcorder AU-EVA1, mas também a linha VARICAM LT, destinada ao mercado cinematográfico.
Todos nós estamos cientes das grandes dificuldades pelo qual o nosso mercado atravessa e seria importante uma reflexão ainda mais avançada sobre as suas soluções. Compreendendo o mercado como uma grande engrenagem e que demanda de um movimento constante para a sua melhor produtividade. Fica evidente que no Brasil se faz necessária uma série de inovações e esforços, para que essa engrenagem possa girar normalmente.
Eu sou profissional de filmes e de vídeos há quase trinta anos e confesso, que nunca havia percebido o nosso mercado tão estagnado e com tão pouco "folego" comercial, mas ainda assim, percebo hoje novos e importantes avanços, oriundos dos fabricantes e distribuidores.
A realização de transmissões semanais ao vivo, feita pela Merlin Vídeo, contando sempre com a participação de profissionais renomados, traz nova "brisa" ao mercado, não apenas diante da clara explicação técnica dos equipamentos em questão, mas sobretudo, por trazer à luz, uma saudável reunião de diversos profissionais, consumidores, fabricantes e distribuidores.
E ainda, cobrindo as diversas lacunas do nosso mercado, a Merlin Locações, possibilita que os seus clientes possam alugar os equipamentos eletrônicos e assim, além de suprir uma falta de investimento momentâneo do cliente, pode também atuar como uma maneira de testar uma certa tecnologia, antes mesmo da sua aquisição.
Enfatizo isso, porque justamente durante todos esses anos que atuo no mercado, nunca vi a questão da locação de equipamentos ser levada tão a sério e ainda, ampliada a toda uma linha de equipamentos, que também estão disponíveis à venda. E ainda, que a locação de equipamentos eletrônicos não pode se restringir apenas à linha de cinema e hoje, felizmente a Merlin Locação traz novas possibilidades a todos os tipos de consumidores.
Concluindo, acredito que pude deixar aqui diversas reflexões importantes e que também, em sua correta dimensão, tenha ajudado nos esforços em movimentar o nosso mercado. Percebo novos desdobramentos realizados por diversas áreas, empresas e profissionais, que em sua melhor análise, trazem um amadurecimento natural e gradual do nosso mercado. A nova Panasonic AU-EVA1, tem todas as características técnicas necessárias, para ser uma grande ferramenta para o seu Fluxo de Trabalho e que em breve, deverá ser um grande sucesso em vendas e satisfação de seus clientes.
Websites:
Panasonic USA (AU-EVA1) : link
Panasonic USA (Varicam) : link
Panasonic Brasil (Broadcast 4K) : link
Merlin Vídeo (Revenda Autorizada Panasonic) : link
Atomos (Gravadores externos) : link
Rokinon (Lentes Xeen) : link
Documentos para download em formato PDF:
Panasonic AU-EVA1 (Brochura) - download
Panasonic AU-EVA1 (Perguntas Respondidas) - download
Panasonic Varicam (V-LOG e V-GAMUT) - download
Agradecimentos Especiais:
Clara Yamada - Panasonic do Brasil - Marketing B2B
Rubens Nucci de Toledo - Panasonic do Brasil - Marketing B2B
Renato Goya - Panasonic do Brasil - Broadcast Projetores/Display
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